Padre Patrick CPI DAS BETS

Apostar em Bet é Pecado? Padre Patrick Diz Que Sim e Explica Posição na CPI

Durante a CPI das Bets, sacerdote afirma que jogos de aposta vão contra o Evangelho e a dignidade humana


O padre Patrick Fernandes declarou nesta quarta-feira (21), durante depoimento à CPI das Bets no Senado, que a prática de apostar em jogos online é, sob a perspectiva cristã, um pecado. Segundo o religioso, as apostas contrariam os princípios do Evangelho e colocam em risco a dignidade das pessoas, especialmente as mais vulneráveis ao vício.

“A gente acredita que seja pecado. É contrário ao Evangelho, então a gente tem que falar sobre isso também”, afirmou o padre em resposta a questionamentos da comissão.

A fala de Patrick trouxe à tona um elemento espiritual e moral ao debate público sobre a regulamentação das casas de apostas esportivas no Brasil — setor que movimenta bilhões de reais, frequentemente com pouca fiscalização.


🚫 Não é só vício — é pecado, diz padre

O sacerdote deixou claro que, embora os efeitos das apostas online sejam amplamente discutidos em termos econômicos, sociais e psicológicos, não se pode ignorar o impacto espiritual:

“Não é só do vício, senador. Para nós, é uma questão de acusação de pecado, sim. Porque vai contra os ensinamentos do Evangelho.”

Ele ainda fez um alerta direto a quem divulga plataformas de apostas — como influenciadores digitais e criadores de conteúdo:

“Quem está divulgando, peca mais ainda. Porque tem a consciência clara daquilo que está fazendo.”


🙏 Uma crítica à cultura da normalização das apostas

Durante a sessão, Patrick também criticou a forma como as apostas têm sido naturalizadas na mídia e nas redes sociais, especialmente entre jovens.

O padre reforçou que a fé cristã defende a responsabilidade, o discernimento e o cuidado com os mais frágeis — e que induzir pessoas ao risco em troca de lucro é uma atitude eticamente inaceitável do ponto de vista da Igreja.


📌 O que diz a doutrina católica?

Embora não exista um pronunciamento oficial da Igreja Católica classificando jogos de aposta como pecado “per se”, o Catecismo da Igreja Católica já menciona que os jogos de azar se tornam moralmente inaceitáveis quando privam alguém do necessário para viver ou incentivam o vício e a exploração.

Na fala de Patrick, a crítica se dirige principalmente à estrutura predatória do mercado de apostas online, que se sustenta sobre promessas ilusórias de lucro fácil, mas que muitas vezes leva à endividamento, compulsão e sofrimento silencioso.


🗣 CPI das Bets: religião entra no centro do debate

A CPI das Bets, que investiga possíveis crimes financeiros, evasão fiscal e influência irregular de empresas de apostas sobre influenciadores digitais, ganha agora um tom espiritual e ético com a fala do padre Patrick.

Ele também revelou que teria recebido proposta de R$ 560 mil para divulgar casas de apostas — e recusou a oferta.
A denúncia reforça o foco da CPI sobre o papel de celebridades e criadores de conteúdo na normalização das bets como forma de entretenimento.


⚖️ O que está em jogo?

Além da possível responsabilização civil e criminal de empresas e influenciadores, a CPI reacende um debate maior:

Em que momento a liberdade individual se transforma em risco coletivo?
E o que acontece quando o lucro de poucos é sustentado pelo vício de muitos?

A fala do padre Patrick Fernandes serve como um chamado à consciência coletiva.
Mais do que um posicionamento religioso, ele traz à CPI uma dimensão que muitas vezes passa despercebida: a da ética, da responsabilidade espiritual e do cuidado com o outro.

Se apostar — e divulgar apostas — é pecado ou não, cada um pode julgar à luz de sua consciência.
Mas como lembrou o sacerdote: “Quem sabe o que está fazendo e mesmo assim induz o outro ao erro… tem ainda mais responsabilidade.”

Reflexão: Quando o Pecado Vira Influencer

Padre Patrick senta em uma cadeira da CPI e, com voz serena e firme, diz:
“Apostar é pecado. Vai contra o Evangelho.”

Não foi só uma opinião religiosa. Foi um espelho.
Porque, no fundo, o que está em jogo aqui não são as apostas em si — mas o tipo de mundo que estamos validando.

Um mundo onde você ganha porque alguém perde.
Onde a promessa de “fique rico em 5 cliques” se apoia na estatística de que 97% vão perder — e continuar tentando.
Um mundo que disfarça compulsão de entretenimento e chama de liberdade o que, no fundo, é servidão emocional.

E quando o padre fala que “quem divulga peca mais ainda”, ele não está falando só de religião.
Ele está falando de consciência. De saber o que está fazendo. E fazer mesmo assim.

A influenciadora que diz “aposta aí, amor”, sabendo que metade do público são adolescentes.
O jogador que finge surpresa com a odd paga.
O criador que aceita o publi porque “o boleto não espera”.

Isso tudo é pecado?
Depende do que você chama de pecado.
Para quem acredita em alma, é.
Para quem acredita em caráter, também.
E para quem não acredita em nada, ainda sobra o incômodo silencioso de ver gente vulnerável sendo explorada, dia após dia, em troca de cliques, engajamento e comissão.

A CPI das Bets não vai mudar o mundo.
Mas talvez tenha feito algo maior: colocou espiritualidade, responsabilidade e ética na mesma mesa que o dinheiro.

Porque, no fim das contas, o Evangelho não é só sobre céu ou inferno.
É sobre olhar para quem está caindo no abismo — e escolher não empurrar.